Há exatamente 1 ano e meio atrás saiu de lá Juiz de Fora, Minas Gerais, uma moça teimosa que achava que sabia alguma coisa da vida. Resolveu se arriscar em terras Irlandesas e… pronto! Lá foi se foi ela descobrir que o mundo não era nada daquilo que pensava, sonhava ou poderia imaginar.
Essa foi minha primeira impressão ao tentar analisar de fora o que acontecia comigo naquele momento. O começo foi bem, digamos, conturbado e difícil. Já morei em casa de amigo, já morei em casa com 13 pessoas e 1 banheiro, já dividi quarto com homens e com mulheres, já fui Au Pair live in (serviço de babá que você mora na casa da família), já morei longe e já morei perto e isso tudo apenas em 3 meses. Então minha vida em Dublin começou a se ajeitar, com o GINB na mão, comecei a trabalhar como cleaner na AB College, escola de inglês no centro da cidade. Nunca passou na minha cabeça sair do meu aconchegante lar e meu adorado emprego no Brasil pra fazer limpeza na Europa! Aquilo pra mim era novo e muito, mas muito desafiador, de um lado eu pensava “será que eu preciso disso?” e por outro eu acreditava que sim, eu precisava estar ali, pois tudo aquilo era fruto das minhas escolhas. Além do mais era aquele trabalho que me iria me manter aqui e me dar a chance de viajar e conhecer cada cantinho desse mundo como sempre quis.
Medo e insegurança são sentimentos comuns na hora de atravessar o oceano com uma mochila nas costas. E principalmente porque você está sozinho! Cresci e aprendi mais do que uma escola ou nossos pais podem nos ensinar, aprendi que o mundo não gira ao meu redor, aprendi que todo trabalho é digno, que todo dia pode ser uma conquista e que saudade dói. Você pode sentir seu coração desmanchando por dentro ao falar e, principalmente, ver alguém muito amado do outro lado da tela do computador. E com isso, cada dia mais a vontade e lutar e dar orgulho para aqueles que me amam e estão lá do outro lado esperando minhas conquistas.
As dificuldades no início do intercâmbio me fizeram perceber o quanto é prazeroso cada simples conquista, seja ela de grande importância na minha vida ou não. Estar fora da sua minha zona de conforto e conseguir me manter ali de forma equilibrada acredito que seja a maior de todas elas. Aqui eu me fiz mais forte, eu ouvi o “não”, conheci pessoas boas e más, enxerguei minhas fraquezas, abri minha mente e, sem dúvida, isso fez de mim uma pessoa melhor e mais madura. Meu desejo hoje seria que todos pudessem viver isso que estou vivendo aqui, digo, em especial, aos brasileiros que sem dúvida levariam consigo alguns princípios ou ideias práticas que, infelizmente, ainda não são utilizadas. É uma experiência que transforma, de alguma forma, qualquer pessoa.
Morar fora, viajar, aprender outras línguas e outras culturas enriquece a vida e o Currículo! Parte dos meus pensamentos, era voltar para o Brasil com uma bagagem de experiências suficientes para conseguir visibilidade no mercado de trabalho e continuar fazendo o que eu gosto, Jornalismo! Mas esse ainda não é o plano. Não vou entrar aqui numa discussão política, mas ainda não estou preparada pra voltar pra um país onde se trabalha 5 meses e meio em 1 ano apenas para pagar impostos. Viver com qualidade de vida transforma sua mente. Você descobre que sim, o mundo pode ser melhor e mais justo. Não que fora do Brasil seja perfeito, longe disso, aliás! Mas é incrível ver como as coisas e pessoas podem evoluir de forma a ponto da Polícia não precisa andar armada nas ruas.