Quando o idioma é uma barreira na hora de viajar, o que fazer?
Esse é provavelmente o lema de muitas pessoas que tem o desejo de viajar mundo afora, mas o fato de não falar inglês ou o idioma do país de destino acaba fazendo que a pessoa desista da ideia.
Mas como seria a história daqueles que enfrentam esse medo e se jogam no mundo sem falar inglês?
Hoje eu vou contar a história da Marise e do Roger, amigos que tinham um sonho (como muitos de nós brasileiros, não é mesmo?) de viajar para Europa, mas tinham dois impedimentos: o primeiro, provavelmente o mais comum de todos, o dinheiro; e o segundo, se comunicar em outra língua que não seja o português.
Marise conta que o dinheiro não foi tão difícil de resolver, nada que um bom planejamento e algum tempo de economia não resolvesse. Quanto ao inglês, este não deu tempo de aprender a tempo, por muitos motivos (que nós brasileiros sabemos bem como é) e neste caso eles resolveram ir na coragem mesmo.
Tudo foi questão de um bom planejamento, começamos com as passagens aéreas de ida e volta ao Brasil, pesquisei muito sobre voos, conexões, stopovers, open jaws e etc. No fim, acabei comprando com uma agência de viagens aqui da minha cidade mesmo, mas eu sabia bem o que eu queria. Conta Marise.
Eles optaram por um open jaw, isso significa ida por um lugar e volta por outro lugar. No caso deles, a ida foi por Dublin e a volta por Roma. Isso gerou uma economia na hora de montar o roteiro. Tudo que eles tinham de fazer era sair de Dublin, passar pelos destinos que queriam conhecer e chegar a tempo em Roma para pegar o voo de volta. Reservaram 20 dias para isso.
A maioria dos sites tem uma versão em português, quando não havia eu usava o tradutor do próprio browser e tentava entender. Também existe muita, muita informação mesmo em blogs e vlogs de viagens. Diz Marise
Claro que Marise e Roger não estavam sozinhos, eu ajudei eles no que foi preciso, mas eu acredito que todo mundo conhece alguém com um pouco mais de viagens na bagagem, para dar uma mãozinha, certo?
O roteiro ficou Dublin >> Londres >> Paris >> Nice >> Veneza >> Roma, sendo quase tudo por terra, exceto o trecho Nice >> Veneza que foi planejado ser de avião. A hospedagem ficou toda por conta do Airbnb, pois foi mais fácil de conversar com os anfitriões, com ajuda de tradutor.
Decidimos ir a maioria dos lugares por terra, para evitar aeroportos, check ins, despacho de mala, imigrações, mais transporte, etc. Indo de Dublin para Londres de ônibus por exemplo, nos poupou ida para aeroportos e do aeroporto para cidade, saímos do centro de Dublin e chegamos no centro de Londres, sem passar por imigração, pois esses dois países têm acordo de imigração. Depois seguimos de trem pela comodidade já citada.
Em Dublin, eu os busquei no aeroporto e os ajudei em quase tudo, de vez em quando eu ensinava umas frases para eles em inglês e eles tentavam pedir algo, ou perguntar alguma informação, já para irem se habituando. Depois que eles embarcacam para Londres, foi tudo com eles.
Confira agora um pequeno questionário com o casal:
Como foi chegar em Londres e se deparar com uma cidade enorme sem falar inglês? Como vocês se locomoveram? Como foi encontrar o Airbnb? E para comer, como fizeram?
Ao chegar em Londres a primeira coisa que fizemos foi ter em mãos um sim card com internet, o app do Google Maps e o Google Tradutor. Lembro que quando precisamos confirmar se estávamos no ônibus certo apontamos para a rota do Google, utilizei palavras chaves em inglês para perguntar se aquele era o ônibus certo. E com esta estratégia, seguimos durante toda viagem, que deu muito certo. Ao chegar no Hostel foi bem tranquilo, pois falei um pouco em espanhol com o atendente. No entanto para comer… passamos um pouco de trabalho para identificar os alimentos, mesmo com o uso do tradutor, mas entre mortos e feridos salvaram-se todos.
Passado pela terra da Rainha, como foi chegar em Paris? Sem falar francês e nem inglês?
No início ficamos um pouco assustados, pois espanhol é a segunda língua do inglês, mas no caso da França o inglês é a segunda língua deles. Mas por incrível que pareça, sempre tem uma alma de bom coração e com paciência para nos ajudar. Realizamos também um desses tours gratuitos em espanhol e tudo ficou mais fácil, mas mesmo assim, um bom app e uma internet móvel sempre irá nos salvar.
No trecho Nice x Veneza que era para ser de avião, Marise e Roger não chegaram a tempo para despachar a mala (45 min antes do voo). Eles sabiam que estavam atrasados e corriam o risco. Como vocês procederam? Qual era o plano B (se havia algum)?
O trajeto de deslocamento ao aeroporto de Nice foi angustiante, pois tivemos que pegar dois ônibus e na troca de um para o outro, o segundo atrasou 25 minutos. Estava ali o início de nosso primeiro e único imprevisto, mas nesta hora o melhor é manter a calma e tentar resolver da melhor forma. Poderíamos embarcar, mas nossa mala não poderia ser despachada, sendo assim, não tivemos opção a não ser perder o voo e pensar em um plano B. Inicialmente havíamos estudado a possibilidade de ir de trem, depois optamos pelo voo. Então tivemos que voltar à ideia inicial e correr para a estação de trem para não perder o único que saia em duas horas. Pegamos um taxi, pois de ônibus já havíamos tido uma experiência não muito feliz e enquanto isso o nosso anjo da guarda, chamado Marlon, nos socorreu comprando os tickets e nos enviando por e-mail. E tudo deu certo.
E na Itália como foi? A similaridade do português com o italiano ajudou?
Na Itália nos sentimos mais em casa, acho que a mistura do português com o espanhol facilitou nosso entendimento. Acredito que nós os entendemos melhor que eles a nós, então fechamos tudo com chave de ouro.
Por fim, quando Marise e Roger retornaram ao Brasil, eu fiz algumas perguntinhas a eles:
O que mais surpreendeu vocês nessas cidades?
A beleza e limpeza das cidades, educação e cordialidade dos ingleses foi algo que nos encantou e nos deixou um gostinho de quero mais. E em Roma o sentimento de entrar na Basílica de São Pedro no Vaticano, é indescritível.
Qual foi a comida que mais e menos gostaram?
Dublin: Fish and chips, Roger amou as bebidas.
Roma: As massas, pizzas e gelato, gelato e mais gelato.
Qual a cidade mais bonita que vocês visitaram?
É difícil escolher uma só, pois cada uma tem sua história e sua peculiaridade, mas a beleza estonteante de Nice, os monumentos em Paris e o encanto de Londres nos arrebataram.
Qual foi o ápice da viagem?
Para mim, como católica que sou, o momento mais emocionante foi entrar na Basílica de São Pedro; para meu marido, Londres virou sua paixão.
Qual foi a parte mais difícil ou triste?
O momento mais tenso sem dúvida foi passar na imigração, mas estando com toda documentação em dia e todas as reservas do roteiro em mãos, tornou tudo mais fácil.
Como foram as compras? Conseguiram pedir tax free?
Nas compras, confirmei minhas suspeitas de que as lojas Ikea são um paraíso para quem gosta de coisas para casa, e SIM, eu trouxe quase a loja toda…hehe. Quanto ao Tax Free foi muito tranquilo, basta seguir as instruções do atendente no aeroporto e postar que os valores retornam em seu cartão internacional certinho.
Se fossem deixar um conselho para os brasileiros que não falam inglês, o que vocês diriam?
Não deixem de realizar a viagem dos sonhos por não falar outra língua. Somos prova de que estudar bem sobre a viagem que faremos, ter alguém que tenha alguma experiência em viagens para nos dar algumas dicas, alguns apps e um chip com internet se resolve todo e qualquer problema. E como utilizei em minhas postagens, #economizaqueda!
Obrigado Marise e Roger por compartilhar a história de vocês conosco, e que vocês ainda façam muitas viagens!
Revisado por Paula Machado em 3/12/2016