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Vamos supor que você já está na Europa há algum tempo e quer explorar novos horizontes. Se você é um mochileiro, já deve ter ouvido falar na maior ferrovia do mundo, e se você é um mochileiro desbravador, provavelmente ela está na sua lista de viagens. E não é para menos, a transiberiana é impressionante e recheada de surpresas! Algumas surpresas boas e outras nem tanto. Confira aqui um pouquinho da minha história, e embarque comigo nesse “trem”!

Se você nunca ouviu falar em transiberiana, segue um breve histórico:
Basicamente é uma estrada de ferro que liga a Rússia de uma ponta à outra, ou seja, 8 fusos horários e mais de 9 mil quilômetros de São Petersburgo a Vladivostok, com algumas variações que podem ligar a Pequim, cruzando ou não a Mongólia. Claro que o caminho contrário também é válido.

Existem diversas formas de cruzar a Sibéria a bordo de um trem, ou dois, ou mais!
Vamos começar pelo bilhete. Vamos considerar que você vai começar a viagem na Rússia. Se a ideia é ir até Vladivostok, você pode comprar o bilhete pela internet, porém, se você quer ir até a China ou Mongólia e não está na Rússia, basicamente a única forma de comprar os bilhetes é por meio de agência de viagens. Elas são muitas, uma boa pesquisada na internet e você consegue facilmente achar bons preços com empresas confiáveis. Outra opção é esperar chegar na Rússia e então emitir o seu próprio bilhete. Nesse caso, você corre o risco de ter de esperar o próximo trem com lugares disponíveis. Comprando por agência, você terá de retirar o bilhete impresso em algum local na Rússia.

Os roteiros mais comuns são os que ligam Moscou a Vladivostok ou a Pequim. Quando o destino/origem for Pequim, você tem a opção de cruzar ou não a Mongólia (trans mongoliana), sendo essa uma rota bem comum entre os viajantes. Alguns, por questões de vistos, preferem não cruzar a Mongólia. Brasileiros precisam de visto para China, mas não precisam de visto para entrar na Rússia e Mongólia. Para outros passaportes, verifique a necessidade de vistos para esses países.

As perguntas mais comuns que ouço quando digo que fui para Pequim de trem são:
Você fez paradas? Quantos dias? O trem para? Tem WiFi? Sim, o trem para! E muitas vezes, depende do trem que você pega. O trem chinês para menos, o Russo para mais, mas todos tem um cronograma de parada, que vão de 10 min a 4 horas em cada ponto. Se você quiser desembarcar e ficar em alguma cidade, você precisa comprar bilhetes separados, não existem bilhetes flexíveis. Ambas as rotas de Moscou a Pequim/Vladivostok levam 7 dias e 6 noites. Por fim, o trem não dispõe de WiFi, se você quiser internet terá de comprar um SIM card (chip) Russo, que custa em torno de 5 euros e dispõe de cobertura 3G em quase toda a rota.

As cabines são divididas em classes. O trem chinês tem primeira e segunda classe e o Russo, primeira, segunda e terceira. O conforto e preço estão diretamente relacionados. Para se ter uma ideia de preço, o meu bilhete de Moscou até Pequim sem paradas, custou 530 euros. Se você quiser começar a aventura em São Petersburgo, também terá de comprar um bilhete separado. Essa parte da rota tem trem rápido e o bilhete pode ser comprado online.

A terceira classe não tem cabine, todas as camas ficam no corredor; já na segunda classe, são 4 camas por cabine (2 embaixo e 2 em cima). Para segunda e terceira classe, as camas são bem básicas, estreitas e sem muito conforto. Os banheiros são coletivos, 2 por vagão e não dispõem de chuveiros, então lembre-se de levar lencinhos umedecidos. A primeira classe tem 2 camas por cabine (uma em cima e uma embaixo) e um sofá. O banheiro dispõe de chuveiro. Roupas de cama (lençóis, travesseiro, fronha e cobertor) são disponibilizadas para todos, assim que o trem parte.

O trem é equipado com um vagão restaurante que muda em cada país, por exemplo, russo na Rússia, mongol na Mongólia e chinês na China. Os preços posso dizer que são okay, nada muito caro, nada muito barato e a comida é em geral boa. Todos os vagões dispõem de água quente, então você leva o seu noodles instantâneo, seu café solúvel e sua seleção favorita de chás. É isso que a maioria das pessoas fazem. Eu comia cereal com cappuccino instantâneo pela manhã, almoçava noodles e jantava no restaurante do trem, e, é claro, jantar esse sempre acompanhado de uma boa vodca Russa. Em território chinês a tripulação distribui tickets de café da manhã e de almoço, gratuitamente.

Eu comecei minha aventura em Helsinque dia 27 de maio. Dia 28 embarquei em um ônibus noturno para São Petersburgo; dia 30 fui para Moscou de trem e dia 31 para Pequim, na maior viagem sobre trilhos do planeta! Na minha cabine estavam, um amigo brasileiro e um colega inglês, todos embarcamos em Moscou e desembarcamos em Pequim. Toda a tripulação era chinesa e falava o mínimo de inglês, mas sempre dispostos a ajudar. Todas as outras pessoas que conhecemos no trem embarcaram ou desembarcaram durante a viagem. Nós vimos a vida pela janela do trem e chegamos em Pequim dia 6 de junho com muita história pra contar!

Revisado por Paula Machado em 6/7/2016

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