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No dia 14 de fevereiro, as redes sociais são movimentadas pelas comemorações do Valetine’s Day, inclusive aqui no Brasil, onde a data foi traduzida como “Dia dos namorados”. Nós, brasileiros, ainda que de forma minoritária, adotamos a data e passamos a fazer postagens e a celebrar como uma data romântica. Mas será que essa data tão comemorada mundo afora tem alguma relação com as comemorações do dia 12 de junho, data em que realmente os brasileiros celebram o dia dos namorados? No post de hoje, vou apresentar uma abordagem histórica sobre o tema, fazer uma leve comparação entre Brasil e Irlanda e, de quebra, contar pra vocês por que esta data se tornou ainda mais especial para os irlandeses.

Do ponto de vista histórico, por se tratar de fatos ocorridos no século III, há muitas histórias e poucas certezas. Fiquemos, então, com a versão mais romântica: no Império Romano, o general Claudio II aboliu o casamento durante as guerras alegando que os soldados solteiros estariam mais centrados no combate. O Bispo Valentim, no entanto, continuou unindo em matrimônio os casais que o procuravam. Por burlar a norma, ele foi preso. Em cárcere, um dos guardas levou até ele sua filha cega pedindo que ele a curasse, o que não aconteceu de imediato. Quando condenado à morte, ele deixou uma carta para ela, assinando-a como “Your Valentine”. Diz a lenda que ela voltou a enxergar, tornando-o, então, um santo milagreiro. Há comentários de que eles estavam apaixonados. Existem também relatos a respeito da existência de dois Valentines decapitados na mesma data, o que poderia gerar uma confusão histórica.

Há de se considerar também que, na Roma antiga, celebrava-se o feriado de Juno (deusa da fertilidade) e Pan (deusa da natureza) no dia 14 de fevereiro, data também atribuída ao primeiro acasalamento dos pássaros na idade média. Como se pode ver, há vários fatos amorosos atrelados a esta data.

No Brasil, no entanto, a história é bem diferente e, para encurtá-la, basta sabermos que a data passou a ser celebrada por sugestão do publicitário João Dória em 1949 a fim de alavancar as vendas no meio do ano, sendo escolhido, então, o dia 12 de junho.

O que eu não sabia mesmo é que os restos mortais de St Valentine se encontram em Dublin, a capital irlandesa. Tomando conhecimento disso, pedi ao Marlon Oliveira, nosso colaborador e residente na Irlanda, para que visitasse o local, fizesse registros atuais e nos contasse um pouco a respeito desse fato intrigante, uma vez que a decapitação aconteceu em Roma.

A igreja na qual está o santuário de St Valentine é a Church of Our Lady of Mount Carmel, situada na Aungier St, 56, Dublin 2 – lindíssima, como pode ser visto nas imagens.

O que se informa, inclusive no site do local, é que, ao longo dos séculos, foram feitas muitas construções sobre o túmulo de St Valentine em Roma. Em uma dessas obras, foram encontrados seus restos mortais junto de um vaso contendo um pouco de seu sangue. Em 1835, um renomado carmelita irlandês esteve em Roma, John Spratt era famoso como pregador e toda Roma se reuniu para ouvi-lo. Muita estima foi concedida a ele, sendo uma das demonstrações o fato de o Papa Gregory XVI ter dado a ele os restos mortais de Saint Valentine, os quais chegaram à capital Irlandesa em novembro de 1836. Intrigante, não?

Na Irlanda, o Valentine’s Day movimenta o comércio que estampa corações vermelhos nas vitrines. São vendidos muitos itens que representam a data, mas acredito que o mais comum seja a troca de cartões, chocolates e afins. O fato curioso é que essa troca não ocorre apenas entre casais, acontece também entre colegas de trabalho, familiares, amigos, enfim, é a celebração do amor. Eu mesma recebi mensagem de Valentine’s Day de uma de minhas chefes no tempo em que morei na Ilha Esmeralda.

Respondendo à pergunta que originou o texto: Valentine’s Day é mesmo o dia dos namorados? Eu diria que não. Ou, pelo menos, não relacionado ao conceito que temos no Brasil. O que percebo é que, nos países que celebram oficialmente a data, é mais importante a lembrança, o gesto, a simplicidade de lembrar-se de alguém que se ama. Enquanto, no Brasil, há uma questão comercial muito forte envolvida, a procura por presentes caros e a obrigação de celebrar a data, não por parte de todos, é claro. Seja como for, o importante é demonstrar amor. E para quem você assinará este ano como “ Your Valentine”?