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Hoje o Dublinando conta um pouco da história da Milene Maciel, que é escritora e fez intercâmbio de mais de um ano em Dublin. Milene fala da sua experiência como babá e dá algumas dicas interessantes.

Estudar inglês fora do país é o sonho de muitas pessoas e, felizmente, tornou-se uma possível realidade para aqueles que encaram os desafios dessa experiência quando não têm dinheiro suficiente para arcar com as despesas até a conclusão dos estudos. Trabalhar enquanto se estuda foi a chave que abriu a porta dessa oportunidade, até então, vivenciada somente por quem tinha condições financeiras. Diria a primeira de muitas portas que podemos abrir durante essa vivência transformadora chamada de “intercâmbio”.
Chegando ao destino escolhido, vem, então, a dúvida: com o que eu posso trabalhar? Na Irlanda, falando mais especificamente a respeito de Dublin, as oportunidades giram em torno dos pubs (bares), hotéis, restaurantes e cafés. Mas há também muita procura, principalmente por parte das mulheres, para se trabalhar como babá, comumente conhecido por au pair, termo francês cujo entendimento pode ser, resumidamente, traduzido como uma relação de troca de serviços, na qual o intercambista realiza determinadas atividades, principalmente cuidando de crianças, em troca de moradia e alimentação, com ou sem remuneração adicional. Essa relação já existe desde o século XIX e foi sendo difundida e acolhida por vários países, os quais foram regulamentando-a com o tempo. Na Irlanda, pode-se dizer que a atividade ainda acontece de forma bastante informal, mas acredita-se que futuramente haverá a necessidade de regulamentar algumas questões a fim de proteger os direitos de ambas as partes: família e au pair.


A oportunidade de se trabalhar como au pair também pressupunha um forte envolvimento cultural, pois o intercambista deveria ser incluído na rotina da família hospedeira, inclusive nos momentos de lazer. No entanto, atualmente essa experiência pode acontecer de forma bem profissional, sobretudo, nos casos em que há remuneração extra. Na Irlanda, por exemplo, a família e o intercambista podem optar por vagas “live in” (morar com a família) ou “live out” (não morar com a família), e isso pode influenciar na intensidade da experiência – ou não. Eu tive a chance de viver as duas oportunidades e posso afirmar, sem receios, que todo o processo é muito relativo, e vai depender do quanto você e a família se permitirão nessa troca. Morei com uma família que nunca fez sequer uma pergunta a respeito da minha vida no Brasil. Já a família com quem não morei, envia-me cartões de natal e se preocupa com minha vida mesmo depois de já ter se passado um ano. Muitas são as histórias, boas e ruins, que circulam a respeito da vida de babá na Irlanda. Há quem se frustre com os hospedeiros, há quem passe o verão viajando pela Espanha com a família. É válido ouvir esses relatos, mas não deixar que eles influenciem de forma extrema, muito positiva ou negativamente. O importante é ter em mente que você poderá criar a sua própria experiência, que não será igual a de ninguém mais.


As dúvidas são muitas e, ainda hoje, já de volta ao Brasil, eu converso com meninas que buscam respostas para essas perguntas. Auxiliar no intercâmbio de alguém é, de certa forma, dar continuidade a nossa experiência em particular. Compartilhar tudo o que se vivência é prazeroso e sim muito útil. Então, seguem alguns dos meus conselhos para quem busca uma oportunidade para trabalhar como babá na Irlanda:
– pontos que favorecem a contratação: nível de inglês (mas não se desmotive, afinal você está no intercâmbio para aprimorar o seu conhecimento), saber cozinhar, dirigir e ter a permissão internacional, e já ter trabalhado com crianças.
– fazer um currículo (modelo padrão usado na Irlanda), contendo referências de trabalhos anteriores, ainda que não envolvam crianças. É importante que as referências possam se comunicar, ainda que de forma básica, em inglês. Uma de minhas chefes entrou em contato com meu antigo gerente no Brasil e isso trouxe bastante credibilidade na hora da contratação.
– cadastrar-se nos sites de au pair (tais como Kanguroo, e Au pair world) e acessá-los diariamente vendo as novas oportunidades a fim de marcar entrevistas.

 

– estudar o vocabulário infantil. Há vários materiais disponíveis on line.

 

– levar, para as entrevistas, uma pauta escrita a respeito de tudo que precisa ser tratado, principalmente se você ainda não se comunica bem no inglês. Pontos importantes são: horas de trabalho, atividades a serem executadas, remuneração, restrições alimentares, o local onde você ficará instalado (quando live in), o número de crianças, idade das crianças, restrições e imposições da família.


– tratar todos os pontos da contratação por e-mail. Visto que o processo se dá de modo informal, ter um documento comprovando o que foi negociado é uma precaução para ambas as partes. A contratação precisa ser feita de forma clara e objetiva. Não se empolgue ou se apresse em pegar qualquer vaga, pois isso pode gerar transtornos no futuro. É muito importante que a família tenha ciência de que seu principal objetivo no intercâmbio é estudar e que, frequentar as aulas é uma exigência da imigração.
– ser pontual, cordial, organizado e responsável na execução das suas atividades. Lembre-se sempre que você lida com o bem mais precioso de uma família: os filhos.
No mais, é se permitir voltar a ser criança e brincar muito, e ser grato por ter a chance de se manter durante o intercâmbio e quem sabe ainda poder viajar para outros países. Nos dias em que se sentir cansado ou desmotivado por não estar trabalhando na sua área profissional, pense que é temporário e que esse “passo para trás” lhe permitirá dar muitos outros à frente. Com as crianças, além de língua inglesa, você aprenderá sobre paciência, carinho, cuidado e amor. Eu recomendo muito e desejo que você tenha uma experiência tão enriquecedora quanto a minha.